domingo, 9 de julho de 2006

Comentário: As Escolhas para a Retomada da Alta

AS ESCOLHAS PARA A RETOMADA DA ALTA
http://ghitnick.com - 09jul06

A retomada da alta de longo prazo parece ser o cenário mais provável para o medio prazo, podendo até já estar em marcha, depois de uma longa correção que se iniciou em janeiro e teve uma baixa brusca entre maio e junho.

A escolha de papéis para uma carteira, evidentemente, depende das premissas pessoais dos investidores (seus prazos, atitude em relação a risco etc.), mas algumas tendências em relação aos diversos ativos podem ser colocadas tendo em vista a conjuntura interna e externa. Os pontos fundamentais a considerar seriam uma provável desvalorização do Real frente às principais moedas, a manutenção dos atuais níveis de crescimento do PIB nacional e da economia mundial, a manutenção também da evolução atual dos índices de inflação e a pouca influência das eleições no andamento de nossa economia.

Vale e Petrobrás, as duas líderes do mercado, seguem com excelentes perspectivas de apresentar lucros recordes nos próximos trimestres: a Vale, por ter conseguido mais um aumento em seus preços internacionais e pela possível valorização do dólar e a Petrobrás, pela conquista da auto-suficiência e pelos ganhos em contenção de custos e outros fatores de eficiência já obtidos e mais os acenados pelo seu Plano Estratégico, há pouco divulgado.

Os grandes bancos continuam mantendo sua rentabilidade patrimonial em todas as conjunturas e são sempre escolhas tranqüilas, ainda que com P/L um pouco acima da media.

A siderurgia parece ter alcançado um momento de consolidação, depois de grandes ganhos de margem em 2005. A demanda interna continua apenas regular, a externa estabilizou e o problema é a manutenção das margens tendo em vista os novos aumentos em vários de seus insumos básicos. As cotações até não estão altas proporcionalmente, pela desconfiança do mercado em relação ao setor, mas sua evolução tem que ser acompanhada com cuidado.

O setor petroquímico segue com os mesmos problemas dos últimos anos, o aumento do custo da nafta, a fraqueza do mercado interno e a progressivamente cada vez mais acirrada competição internacional, já que é uma das áreas onde mais se tem inaugurado novas plantas pelo mundo afora. Continua bastante difícil formar os preços para os consumidores finais com toda essa problemática e ainda os problemas inerentes ao custo Brasil.

Papel e celulose é uma atividade que contou com grandes investimentos, sobrecarregando as empresas do setor, mesmo depois de alguma consolidação e onde se perdeu eficiência nos últimos dois ou três anos. Todos os relatórios especializados mais recentes estão otimistas em relação aos resultados a partir do segundo semestre ora em curso e é algo a se conferir.

Entre as concessionárias, a evolução recente da inflação vai provocar ajuste tarifários mínimos e a provável valorização do dólar deve modificar as receitas financeiras contábeis para pior, em relação aos trimestres mais recentes. A Telemar tem como atração incerta a possibilidade de levar adiante seu plano de reorganização e o mesmo pode acontecer com a Eletropaulo, mas teles, elétricas e outras permanecem com perspectivas pouco animadoras.

Nos setores de comércio, alimentos e construção civil, os lucros não melhoraram, apesar das eternas esperanças de alguns analistas em torno de um possível efeito do crescimento da economia interna nesses segmentos (o que não tem se confirmado).

Nos papéis de lançamentos, mantidos ainda em cotações absurdamente otimistas em relação aos fundamentos das empresas, a torcida é que uma nova série de eventos não esvazie os fundos de sustentação atualmente mantidos.

Entre as demais, sempre há excelentes oportunidades no arbitramento entre cotação e valor econômico verdadeiro.

Por: Jayme Ghitinick

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