segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Comentário: Analistas Projetam Semana Difícil para o Mercado e Adotam Cautela

Bolsa: analistas projetam semana difícil para o mercado e adotam cautela
Por: Marcello de Almeida
11/08/06 - 18h29
InfoMoney

SÃO PAULO - Respondendo aos anseios da grande maioria dos investidores, o Federal Open Market Committee, o comitê de política monetária dos Estados Unidos, não surpreendeu. O colegiado optou na reunião de agosto por interromper o ciclo de elevações da taxa básica de juro da maior economia do planeta, iniciado em setembro de 2004, quando os Fed Funds estavam 1,0% ao ano.

Apesar de se apresentar como uma notícia positiva para os mercados de renda variável, a manutenção da Fed Funds Rate em 5,25% ao ano não impulsionou a cotação das ações negociadas em Bolsa. Isso porque, mesmo não tendo aumentado a sua taxa básica de juro, o Fomc não descartou a possibilidade de novos aumentos.

A autoridade monetária afirmou que a retomada do ciclo de aperto monetário, bem como sua intensidade e duração, dependem de novos indicadores a serem divulgados. A percepção que ficou foi que o Fed ainda está desconfortável com os atuais níveis da inflação norte-americana, sendo que os comentários sobre uma desaceleração mais abrupta da economia dos EUA também ganharam força.

Perspectivas pouco positivas para o curto prazo
Comentando suas perspectivas de curtíssimo prazo para o mercado brasileiro de ações, Marcelo Giancoli, da Intra Corretora, se mostra pouco otimista. Lembrando que na próxima semana serão publicados nos Estados Unidos importantes indicadores de preços e atividade industrial, o gerente de investimentos aposta em uma reação pouco positiva do mercado.

Giancoli avalia que dificilmente os indicadores de preços no atacado e varejo vão mostrar desacelerações mais expressivas da inflação norte-americana, o que deve manter a cautela dos investidores. No mais, ressalta-se que o mercado segue preocupado com os altos preços do petróleo e que a correlação com Wall Street tende a seguir bastante elevada.

Outro ponto a ser observado, na opinião de Tommy Taterka, da corretora Concórdia, diz respeito ao vencimento de índice futuro na quarta-feira (16). O trader visualiza um maior número de investidores comprados em carteira teórica do Ibovespa e vendidos em índice futuro, o que pode gerar uma maior pressão vendedora no ajuste de posições do dia, caso nenhuma notícia mais favorável apareça.

Já no médio prazo, percepção melhora
Mesmo concordando com as perspectivas anteriormente descritas, Marina Waltz, do BB Investimentos, ainda se mostra otimista com as perspectivas de médio e longo prazos para o mercado acionário brasileiro. A analista de renda variável não descarta a possibilidade de que mais uma ou duas elevações nos Fed Funds sejam implementadas.

No entanto, ressalta que o processo de ajuste da política monetária norte-americana está muito próximo do fim. "Mesmo que a inflação nos EUA aponte para um ponto um pouco acima da meta implícita de 2,0% ao ano considerada confortável, acredito que o espaço para elevações dos juros (nos EUA) está acabando, tendo em vista as implicações sobre o crescimento econômico do país".

Somada a essa percepção, Waltz lembra que os fundamentos e perspectivas para a economia brasileira continuam favoráveis e chama a atenção para o fato de que a significativa redução registrada pelo risco-país nos últimos meses não se refletiu como esperada na valorização do Ibovespa, contrariando a forte correlação negativa registrada entre ambos nos últimos anos.

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