domingo, 9 de julho de 2006

Artigo: "Como uma Corrente de Analistas Financeiros Lê o Futuro em Gráficos de Ações"

Como uma corrente de analistas financeiros lê o futuro em gráficos de ações.
Por Alexandre Teixeira
Isto É Dinheiro
09-07-06

Eles não são místicos, mas pertencem a uma corrente de pensamento que, para os leigos, parece uma seita esotérica. Dizem-se capazes de ler o futuro em gráficos, onde enxergam figuras como a de um Buda meditando ou um homem enforcado. Parte importante de suas teorias é elaborada a partir da Seqüência de Fibonacci, imortalizada em uma das pistas para o “simbologista” Robert Langdon no best seller O Código Da Vinci. Os personagens. personagens em questão são analistas de mercado, trabalham em bancos ou corretoras e dedicam-se a recomendar compras e vendas de ações. Chamam-se analistas gráficos ou técnicos e, na turbulência que sacudiu os mercados nos últimos dois meses, provocaram seus colegas ortodoxos, gabando-se de ter antecipado a virada do mercado, a partir de 9 de maio. Com a ajuda de Fernando Góes, analista gráfico da corretora Ágora Senior, DINHEIRO desvenda a seguir os mistérios dessa versão financista de O Código Da Vinci.

A REVELAÇÃO

O ponto de partida para o desenvolvimento desta trama está em um mercado de arroz na cidade de Sakata, no Japão do século 18. Foi ali que um negociante conhecido como Homma criou os fundamentos da análise gráfica. Fez isso desenhando durante anos os preços de abertura e fechamento do mercado até detectar padrões de comportamento cíclicos que lhe permitiam antecipar movimentos. Um dos gráficos assim criado lembrava o formato de um Buda meditando. Rebatizado de “figura ombro-cabeça-ombro” ao ser adaptado à teoria ocidental, tornou-se um clássico da análise técnica, muito usado até hoje.

A TEORIA DE DOW

Mais de um século depois, em Nova York, Charles H. Dow, fundador da agência de notícias Dow Jones, formulou a primeira teoria ocidental para o estudo do movimento dos preços por meio de gráficos, que norteia a análise técnica até os dias de hoje. Mas os padrões encontrados em Sakata, reunidos na chamada “Teoria de Candlestick (castiçal, já que os gráficos de Homma eram em forma de vela)” ainda são muito usados atualmente.

AS ONDAS DE ELLIOT

Há uma série de vertentes alternativas da análise gráfica, como a “Teoria das Ondas de Elliot”, de 1939, que defende que o mercado de ações segue um padrão de cinco ondas de subida e três ondas de descida para completar um ciclo. Cada grafista tem suas preferências e vários deles usam um pouco de cada uma. “O mais importante”, diz Góes, “é que a análise gráfica está sempre refletindo a psicologia das massas, oscilando entre otimismo e pessimismo, em ciclos que tendem a se repetir”.

SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI

Dentro de toda essa discussão sobre ciclos é que entra a Seqüência de Fibonacci – que se forma somando um número ao anterior infinitamente, como em “1,1,2,3,5,8,13”. Criado pelo matemático italiano Leonardo de Pisa (Fibonacci é uma corruptela de Filho de Bonaccio), no século 12, este padrão é encontrado em constelações, nos ciclos das marés e até nas proporções do corpo humano. Da Vinci a chamava de Divina Proporção e a usou em muitos de seus trabalhos. “Como a natureza, o mercado também segue o padrão”, diz Góes. “Após configurar um gráfico, apontando alta ou baixa da bolsa, podemos projetar para onde o mercado vai usando Fibonacci”, ensina.

PROFECIA REALIZADA

Mesmo os mais céticos surpreendem-se com a capacidade da análise gráfica em antecipar o movimento dos mercados. “Antes do atentado de 11 de setembro, tínhamos gráficos totalmente configurados para quedas, com grandes figuras apontando nessa direção”, lembra Góes. Pode ser coincidência. E há até quem diga que insiders da Al Qaeda se posicionaram no mercado antecipando a grande baixa. “O importante é que estava tudo estampado nos gráficos, e a queda realmente veio”, pontifica o analista.

NÃO PERGUNTE POR QUÊ

A bola de cristal dos grafistas teria funcionado, também, na reversão de expectativas na bolsa no último mês de maio. O mercado subia de vento em popa, até que uma súbita reviravolta mudou a direção das cotações das ações, que despencaram. “Isso também foi antecipado por uma figura de queda, a chamada ombro-cabeça-ombro”, afirma Góes. Segundo ele, o analista gráfico não está interessado nas razões do mercado, mas sim no seu modus operandi. Em outras palavras, se quiser decifrar este código, não pergunte por que os preços sobem e descem, mas como e quando isso acontece.

Comentário: As Escolhas para a Retomada da Alta

AS ESCOLHAS PARA A RETOMADA DA ALTA
http://ghitnick.com - 09jul06

A retomada da alta de longo prazo parece ser o cenário mais provável para o medio prazo, podendo até já estar em marcha, depois de uma longa correção que se iniciou em janeiro e teve uma baixa brusca entre maio e junho.

A escolha de papéis para uma carteira, evidentemente, depende das premissas pessoais dos investidores (seus prazos, atitude em relação a risco etc.), mas algumas tendências em relação aos diversos ativos podem ser colocadas tendo em vista a conjuntura interna e externa. Os pontos fundamentais a considerar seriam uma provável desvalorização do Real frente às principais moedas, a manutenção dos atuais níveis de crescimento do PIB nacional e da economia mundial, a manutenção também da evolução atual dos índices de inflação e a pouca influência das eleições no andamento de nossa economia.

Vale e Petrobrás, as duas líderes do mercado, seguem com excelentes perspectivas de apresentar lucros recordes nos próximos trimestres: a Vale, por ter conseguido mais um aumento em seus preços internacionais e pela possível valorização do dólar e a Petrobrás, pela conquista da auto-suficiência e pelos ganhos em contenção de custos e outros fatores de eficiência já obtidos e mais os acenados pelo seu Plano Estratégico, há pouco divulgado.

Os grandes bancos continuam mantendo sua rentabilidade patrimonial em todas as conjunturas e são sempre escolhas tranqüilas, ainda que com P/L um pouco acima da media.

A siderurgia parece ter alcançado um momento de consolidação, depois de grandes ganhos de margem em 2005. A demanda interna continua apenas regular, a externa estabilizou e o problema é a manutenção das margens tendo em vista os novos aumentos em vários de seus insumos básicos. As cotações até não estão altas proporcionalmente, pela desconfiança do mercado em relação ao setor, mas sua evolução tem que ser acompanhada com cuidado.

O setor petroquímico segue com os mesmos problemas dos últimos anos, o aumento do custo da nafta, a fraqueza do mercado interno e a progressivamente cada vez mais acirrada competição internacional, já que é uma das áreas onde mais se tem inaugurado novas plantas pelo mundo afora. Continua bastante difícil formar os preços para os consumidores finais com toda essa problemática e ainda os problemas inerentes ao custo Brasil.

Papel e celulose é uma atividade que contou com grandes investimentos, sobrecarregando as empresas do setor, mesmo depois de alguma consolidação e onde se perdeu eficiência nos últimos dois ou três anos. Todos os relatórios especializados mais recentes estão otimistas em relação aos resultados a partir do segundo semestre ora em curso e é algo a se conferir.

Entre as concessionárias, a evolução recente da inflação vai provocar ajuste tarifários mínimos e a provável valorização do dólar deve modificar as receitas financeiras contábeis para pior, em relação aos trimestres mais recentes. A Telemar tem como atração incerta a possibilidade de levar adiante seu plano de reorganização e o mesmo pode acontecer com a Eletropaulo, mas teles, elétricas e outras permanecem com perspectivas pouco animadoras.

Nos setores de comércio, alimentos e construção civil, os lucros não melhoraram, apesar das eternas esperanças de alguns analistas em torno de um possível efeito do crescimento da economia interna nesses segmentos (o que não tem se confirmado).

Nos papéis de lançamentos, mantidos ainda em cotações absurdamente otimistas em relação aos fundamentos das empresas, a torcida é que uma nova série de eventos não esvazie os fundos de sustentação atualmente mantidos.

Entre as demais, sempre há excelentes oportunidades no arbitramento entre cotação e valor econômico verdadeiro.

Por: Jayme Ghitinick