segunda-feira, 3 de julho de 2006

Informativo: Pessimismo Exagerado Cria Oportunidade

Ações: pessimismo exagerado cria oportunidade, afirmam analistas
03/07/2006 11:27
InfoMoney
SÃO PAULO

Com os mercados tão pessimistas, a melhor alternativa é comprar ações. Essa é a percepção dos bancos de investimentos Credit Suisse e Morgan Stanley, em relatórios divulgados recentemente.

Segundo os analistas, fatores como o elevado número de ofertas de recompra sendo anunciadas pelas empresas e o baixo patamar do apetite pelo risco devem ser encarados como oportunidades de entrada no mercado.

É hora de comprar
Os analistas do Morgan Stanley afirmam que o valuation do mercado acionário em geral mostrou grande desconto em relação aos de títulos da dívida, tanto de empresas como de governos, elevando sua atratividade.

Além disso, com o apetite pelo risco em seu menor patamar desde outubro de 2004, o Credit Suisse afirma que é hora dos investidores se arriscarem um pouco mais.

Outras bases

A recuperação do mercado, no entanto, deve se apoiar em bases diferentes, segundo os analistas.

Segundo os analistas do Citigroup, as large caps devem se beneficiar em detrimento das smalls caps, bem como as economias desenvolvidas sobre as emergentes.

Artigo: "Decisão do Banco Central Americano Abre Caminho para Valorização de Ações"

Decisão do banco central americano abre caminho para valorização de ações
O GLOBO ONLINE - ECONOMIA
Aguinaldo Novo
SÃO PAULO
03/07/06

O mercado financeiro respirou aliviado na semana passada, depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deu sinais de que pode amenizar sua política monetária. Foi a senha para que as bolsas de valores voltassem a subir com força. Em São Paulo, o Ibovespa (que mede o desempenho das principais ações) teve alta de 4,74% na quinta-feira e de 0,39% na sexta-feira — suficientes para que a variação em junho passasse de -5,8% até a quarta-feira para uma alta de 0,27%.

Para analistas, se não afastou de vez o fantasma de novas turbulências, a decisão do Fed pode abrir caminho para a recuperação de preço de alguns papéis, que amargaram quedas recordes nas últimas semanas e agora oferecem boa relação entre custo e benefício.

— Todo o mundo acha que as bolsas só sobem, que o céu é o limite, e claro que não é assim. Toda alta tem um fim, mas também existe um recomeço — diz Alfried Plöger, presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

Identificar as boas oportunidades não é uma tarefa fácil neste momento, e mesmo entre os especialistas não há consenso. O diretor da Modal Asset, Alexandre Póvoa, recomenda as ações de empresas cujo desempenho depende apenas do mercado doméstico. Estão nesse rol papéis dos setores de alimentação e bebidas e bancos, por exemplo. Para Póvoa, além de mais suscetíveis ao humor do mercado, os preços de ações de empresas de commodities poderiam demorar mais a se recuperar, no rastro de uma eventual desaceleração do nível de atividade nos EUA:

— O preço ficou atraente, mas pode cair ainda mais.

Quedas de quase 20% em setores da bolsa paulista

A mira do diretor de investimentos da Prosper Gestão, Júlio Martins, é em outro alvo. Ele aposta, de forma geral, em papéis de empresas de primeira linha ligadas ou não ao setor externo. Ao evitar distinções, Martins argumenta que os fundamentos das companhias nacionais não foram afetados pelo nervosismo das últimas semanas no mercado financeiro.

— Foram os papéis que mais sofreram desvalorização e, por isso, oferecem agora as melhores oportunidades — diz ele, que elege os setores financeiro, petroquímico, de mineração e siderúrgico.

Antes da decisão do Fed na semana passada, os tempos foram bicudos para investidores em bolsa. O maior receio era de que o banco americano aumentasse ainda mais o ritmo de elevação dos juros, numa tentativa de controlar a escalada de preços, o que atingiria o desempenho das empresas. Isso fez com que os grandes investidores estrangeiros (fundos de pensão) adotassem posição defensiva, vendendo os papéis com maior liquidez em mercados emergentes como o Brasil, para buscar a proteção dos títulos americanos.

Esse movimento de fuga teve início em 9 de maio, véspera da reunião anterior do Fed. Uma compilação da Modal Asset mostra quedas de quase 20% em vários setores da bolsa paulista (em que os investidores estrangeiros respondem por cerca de 40% das operações) entre aquele dia 9 e o pregão da última quinta-feira. É o caso das ações dos segmentos de consumo e varejo (-18,1%) e bancos (-17,9%). Já nos setores de mineração, petróleo e petroquímico, a queda em média oscilou entre 11% e 12%, em comparação a um recuo de 13,1% do Ibovespa.

Responsável pela área de pesquisas da corretora Ágora Senior, Marco Melo trabalha com os papéis que prometem oferecer a melhor relação de dividendos. Em sua cesta estão ações como Eternit, Confab, Usiminas e CSN. Ele também destaca o fato de a turbulência financeira nas bolsas não ter afetado diretamente o lado real das empresas, que continuam a indicar bons resultados.

Para uma amostra de ações de 12 setores diferentes, correspondendo a 95% do Ibovespa, Melo estima que o lucro líquido das empresas brasileiras aumente entre 15% e 20% neste ano em relação a 2005:

— É um número bem acima da média projetada para as companhias abertas de outros países emergentes, de 5% a 10%.

O otimismo da semana passada não significa o fim da volatilidade. Depois de subir os juros em mais 0,25 ponto percentual, para 5,25% ao ano, o Fed disse que “qualquer aperto (monetário) adicional” vai depender dos próximos indicadores de inflação e variação do Produto Interno Bruto (PIB) americano. Para os analistas, não haveria razão para o Fed mexer outra vez nas taxas de juros. A bola está agora com o presidente do Fed, Ben Bernanke.

Artigo: "Etanol Atrai Onda de Aportes Japoneses"

Etanol atrai onda de aportes japoneses
Valor Econômico
03/07/2006

A mal-explicada demissão do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, provocou apreensão em um tipo especial de investidor no Brasil: os japoneses. Os mesmos japoneses torceram para que fosse o novo ministro, Luís Carlos Guedes Pinto, o substituto. O motivo da preocupação e da torcida foi o mesmo: o programa de adoção do etanol no Japão, que envolverá investimentos bilionários no Brasil, contava com o impulso entusiasmado de Rodrigues e tem em Guedes um de seus principais articuladores.

O governo firmou acordo com o Japão para cooperação nessa área, e estão adiantadas as discussões para aplicação, no país de pouco mais de US$ 1,2 bilhão em projetos de pesquisa, produção e distribuição do etanol combustível.

"O etanol será nessa década o que a soja foi no passado, que abriu a fronteira agrícola, com apoio dos japoneses", dizia Rodrigues, ainda empolgado, horas antes do jantar em que pediria demissão irrevogável ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A grande saída para nós é a Ásia", defende Rodrigues, que, neste ano, chegou a levar autoridades do governo do Japão à sua fazenda em Ribeirão Preto, e recebeu visitas de sete empresas japonesas, na maioria trading companies, conglomerados empresariais de comercialização.

Nesta semana, receberia mais um investidor do Japão, e negociava ainda projetos com coreanos, para instalação de complexos produtivos para produzir no país e exportar tecnologia e investimentos para outros países da América Latina. O Japão incentiva a adição de etanol na gasolina, na proporção de 3%, uma mistura opcional, segundo a legislação, mas que, apostam os investidores, deverá transformar-se em norma obrigatória com o sucesso do programa.

O maior temor do Japão é a insegurança em relação ao abastecimento (algo que as crises de fornecimento de álcool combustível no mercado brasileiro não ajudam a dissipar). A saída abrupta do ministro que estava á frente das negociações voltou a alarmar os japoneses em relação às incertezas do país; caberá a Guedes mostrar que o Brasil já está mais maduro e é possível acreditar em continuidade das política do governo.

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"A saída é a Ásia", dizia Roberto Rodrigues
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Nos contatos das tradings com o Ministério da Agricultura, a Mitsui, sem pretensões de produzir álcool, mostrou interesse em logística, no transporte e distribuição em território brasileiro e japonês; a Mitsubishi investiga oportunidades de compra de usinas privadas, para produção do etanol no país; a Marubeni andou sondando a possibilidade de instalar um projeto de produção de cana-de-açúcar irrigada no Maranhão; e a Itochu anunciou interesses na produção, na comercialização e na logística do álcool combustível.

Rodrigues vinha trabalhando para concluir, até agosto, um pré-projeto de aplicação dos recursos do JBIC, o banco de desenvolvimento japonês dedicado à cooperação internacional. Fruto do acordo assinado entre Lula e o primeiro-ministro do Japão, Hunichiro Koizumi, o programa do JBIC em bioenergia prevê a destinação de R$ 680 milhões em projetos de industrialização da cana para produção de etanol e biocombustível, R$ 520 milhões em financiamentos diretos aos produtores, e R$ 86 milhões em pesquisas, dos quais R$ 30 milhões só com a Embrapa.

Espera-se que o Brasil possa garantir a exportação, em 2007, de 1,5 bilhão de litros de álcool combustível, quase 10% da produção nacional. A demanda potencial dos nipônicos é incalculável, e esses projetos serão o teste brasileiro como fornecedor de um país que já estimula projetos semelhantes de produção nos vizinhos Malásia e Filipinas.

Rodrigues e seus assessores, que permaneceram no ministério, vinham defendendo com os japoneses um projeto integrado que o ministro chamava de "clusters" do álcool, em que os grandes investidores seriam proprietários das usinas, e financiariam pequenos e médios produtores de cana, nas propriedades em torno do projeto. Esses pequenos e médios proprietários, que poderiam se associar em cooperativa, teriam também assistência técnica e um regime de produção que alternaria a plantação de cana com oleaginosas para produção de biocombustível. O bagaço da cana seria usado como combustível para geração própria de energia, e a criação de animais providenciaria uma parte do fertilizante.

A pressa de Rodrigues para concluir as propostas ao JBIC se devia também ao que ele classificava como "variável perturbadora", as eleições no Japão, em setembro. Embora não haja dúvidas do interesse japonês pelo etanol brasileiro, o governo prefere adiantar os compromissos bilaterais para que não haja risco de retrocessos com qualquer que seja a nova administração japonesa.

"Esse projeto é só uma ponta-de-lança; à medida que mostrar resultados, tende a atrair mais recursos privados, das empresas japonesas", prevê o consultor Eduardo Vignoli, da Consultec, um dos maiores conhecedores da atuação japonesa no país e que assessora a Mitsui no projeto da empresa Eco Brazil, em associação com Vale do Rio Doce e Petrobras, para construção de dutos, tanques e sistemas de distribuição de álcool do Brasil para o Japão. Em projetos como esse, a estatal brasileira do petróleo também aproveita para estender sua influência ao mundo das fontes renováveis de combustível.

No campo, com a Argentina

Torcedor do Corinthians e fã de Teves, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, lamentou a derrota que ejetou a Argentina da Copa do Mundo. Mas, na semana passada, ele se preparava para um outro tipo de jogo com os argentinos. No próximo dia 12, em Buenos Aires, ele se encontrará com o secretário de Indústria do governo Kirchner, Miguel Peirano, para negociar o que o ministro Luiz Fernando Furlan já pediu: revisão nas cotas de importação de produtos brasileiros como televisores, fogões, geladeiras, calçados, móveis e têxteis, para evitar que concorrentes estrangeiros ocupem a área impedida aos exportadores do Brasil.